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Memórias e Imaginações

Um inventário de ausências. Uma coleção de fantasmas. Passeio Público: uma caminhada – pelo jardim, pela exposição – e a lista de desaparecimentos ganha corpo.

Uma escada que leva a lugar nenhum. Uma lagoa aterrada. Uma presa de bronze da boca do jacaré. O voo metálico de garças enormes. Hotel, teatro, palácio, cassino. Um mirante. Mas vejam só (ou não vejam): o mar também não está mais lá. Janelas ovais pintadas por Leandro Joaquim. O sapo que um dia atravessou a grade e foi atropelado por um ônibus. Madame Satã e suas rodinhas. O chão tupinambá. Suzana, o amor do vice-rei. O suor de quem construiu sem nada receber. Violência, muita violência. Miasmas, gases. Um morro inteiro. As árvores que lhe davam nome, e seus frutos.

Numa terra tropical que se queria Europa, a construção de um belo jardim a partir da visão de um homem negro, o mais talentoso escultor e arquiteto da colônia, foi um passo importante para que esse jardim fosse mais carioca e menos lisboeta. Atendendo a uma encomenda, Mestre Valentim fez o traçado retilíneo, inspirado numa Lisboa pombalina. Mas infiltrou no paisagismo d’além-mar os bichos oriundos da lama, trazendo para as aleias a memória do antigo mangue soterrado. Com dentes, garras e asas, as assombrações povoam esse pântano ficcional feito de terras desmoronadas das Mangueiras.

Depois de um período sombrio, em que o Rio e o país foram sitiados pelas pestes, pensamos nesta mostra a partir da constatação de que a Caixa Cultural também se configura como um patrimônio em movimento, abrindo uma nova sede praticamente em frente ao Passeio Público. Reunimos, então, um conjunto de trabalhos inéditos que busca criar novas memórias e imaginações para este território em constante disputa. O jardim desejado pelo vice-rei Luís de Vasconcelos, inaugurado em 1785, é revisitado a partir desses olhares, que reivindicam futuros ou mesmo passados mais justos do que aqueles que conhecemos pela história oficial.

E há o que poderia ser princípio, por estar no título, mas que aqui e agora também é meio e fim. Nas obras criadas especialmente para esta exposição, a ideia de um passeio e o próprio significado da palavra “público” são postos em xeque e em transformação.

Carolina Rodrigues +
Daniela Name +
Paula de Oliveira Camargo
Curadoras

A exposição Passeio Público reúne um conjunto plural de artistas contemporâneos selecionados pelas curadoras Carolina Rodrigues, Daniela Name e Paula de Oliveira Camargo. Os artistas convidam o visitante a revisitar poeticamente o jardim projetado por Mestre Valentim no século XVIII. Concebido especialmente para a CAIXA Cultural Rio de Janeiro, a exposição propõe formas de reimaginar o Passeio Público, em uma exposição imersiva e multifacetada.

Selecionando esta exposição a CAIXA Cultural busca promover  o diálogo entre o espaço urbano e seus espaços expositivos internos, associando as artes visuais à história e à fisicalidade do Passeio Público no centro da cidade do Rio. As obras expostas permitirão transcender a materialidade da exposição, evocando memórias e convidando o visitante a revitalizar o espaço público com sua apreciação estética.

Ao patrocinar esta exposição para o público carioca abrindo-se ao diálogo com seus entornos, a CAIXA Cultural Rio de Janeiro, presente em dois endereços do centro da cidade, reafirma sua vocação para atuar na requalificação dos espaços urbanos incentivando as culturas brasileiras, valorizando a arte e reconhecendo-a como uma potência que educa e transforma pessoas, populações e nações.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL