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Um tabuleiro, uma lápide, o mapa de um território? Gilson Plano explora o imaginário sobre a história do Brasil e, em Passeio Público, pensa a obra de Mestre Valentim, conjunto de esculturas e construções que atravessou diversas temporalidades no parque, sobrevivendo, não sem perdas, a todos os jogos do tempo. É justamente a possibilidade das ausências – e os seus significados – que conduz a elaboração de Perde ganha.

Na obra, Gilson evoca o vazio deixado por um ornamento que compunha uma pequena fonte localizada na face oposta da Fonte dos Amores, no terraço que Valentim construiu para admirar a Baía de Guanabara. Ali, apareceu e desapareceu, sucessivamente e ao longo dos tempos, uma escultura de uma criança carregando uma faixa contendo a frase “Sou útil inda brincando”. Se atendo ao formato dessa faixa, o artista trabalha sobre o granito preto em uma escultura planar, elaborando o contorno do vazio deixado pelo tecido que o menino segurava, criando um espaço vazado através do qual se pode ver o chão. 

Esse jogo de perdas e ganhos é fruto da ação humana na modificação do espaço público, que pode ser classificada como depredação e abre precedentes para discussões sobre patrimônio material. No entanto, o artista reverte a dimensão crítica e devolve a agência à criança que mobiliza o imaginário sobre esse território e, mesmo brincando de esconde-esconde, reivindica a utilidade dos momentos de descanso e lazer aos quais foi dedicado o projeto original.


Gilson Plano
Perde ganha (detalhe), 2023 
Escultura em granito
130 x 130 cm
Imagens do projeto
Fotos de Tiago Morena + reproduções.