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Planta do Rio de Janeiro em 1791 por Francisco Betancourt e o traçado de Valentim no Passeio

O Passeio Público foi o triunfo e maior símbolo da tentativa de implantação de um projeto iluminista no Rio de Janeiro, inspirado na Lisboa do Marquês de Pombal. A encomenda mais ambiciosa do vice-rei Luís de Vasconcelos para  Mestre Valentim (1745-1813) se espelhava nas reformas realizadas depois do terremoto que arrasou Lisboa em 1755.  A partir da visão pombalina, o novo epicentro português ganhou mais iluminação, saneamento, áreas ao ar livre para o lazer e uma política de embelezamento dos edifícios e praças. Somadas, tais características significaram modernização, mas também maior controle da população.

Principal porto do Brasil, o Rio passou por enorme expansão durante o século XVIII, e se transformou em um canteiro de obras, com o governo amealhando recursos para sua febre de urbanização com benfeitores particulares, especialmente ordens terceiras e irmandades.

A construção do Passeio foi o ponto culminante de uma estratégia que uniu sedução e dominação governamental, mesmas motivações de seus modelos europeus. O jardim aterrou a Lagoa do Boqueirão d’Ajuda, depois de uma campanha que teceu sobre a região, ocupada pela população pobre, a narrativa de que seria um foco de doenças.

Litografia mostra a Lisboa Pombalina em 1758, três anos depois do terromoto e no auge das reformas: ordenação, espetáculo e vigilância/ Acervo Museu de Lisboa

Silhuetas do cabeçalho integram a identidade visual de Passeio Público, a cargo do Estúdio Afluente (Clara Meliande, Marina Sirito e Julia Sá Earp)