Skip to main content

Quando acessamos o passado do espaço geográfico do Passeio Público, conseguimos identificar a presença da Lagoa do Boqueirão, sendo seu aterramento e a construção do parque a consolidação de um processo higienista. Assim como não é reconhecido o uso forçado da mão de obra indígena na construção do Aqueduto da Carioca (atuais Arcos da Lapa), pouco se fala sobre as populações que ali viviam antes das investidas coloniais.

Os Tupinambás chegaram na região pelo menos 1.500 anos antes dos europeus, vindo da região amazônica. Chegaram em busca de Guajupiá, um território sem males e abundante em recursos. Foi nos arredores da Baía de Guanabara que encontraram esse espaço pleno de vida, onde se assentaram até a chegada dos portugueses e franceses, que instrumentalizaram os povos que aqui viviam na condução das disputas territoriais.

Nas sociedades tupinambás, a vida era indissociável da territorialidade e sua presença era feita de relações, e não de ocupações. Com esses grupos, era possível a existência de lagoas e mangues como organismos vivos. Com o aterramento, também se consolida o encobrimento da memória da presença dos povos indígenas e suas contribuições para a história do Rio de Janeiro.

Cerimônia tupinambá em gravura de Thedor de Bry, s. d.

Silhuetas do cabeçalho integram a identidade visual de Passeio Público, a cargo do Estúdio Afluente (Clara Meliande, Marina Sirito e Julia Sá Earp)