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Para quem o Passeio Público foi projetado? Quais são as identidades, as visualidades, as performatividades que podem habitar um jardim higienista com pretensões europeias na cidade do Rio de Janeiro? Que presenças são permitidas no apagar das luzes? Essas são algumas das perguntas incorporadas à instalação apresentada por rafael amorim. 

Evocando a personalidade de Madame Satã, o artista visual, poeta e pesquisador carioca se debruça sobre narrativas ligadas ao Passeio Público no início do século XX. A ambiguidade dos vetos e permissões de identidades que subverteram o projeto original e suas possibilidades de manifestação de afeto em um jardim supostamente dedicado ao amor são questões abordadas na instalação que reúne o registro da repercussão de um monumento ficcional, fatos biográficos e a devolução simbólica dessas presenças para o espaço do Passeio Público.

Caranguejo da Praia das Virtudes, uma das alcunhas de Madame Satã e aquela diretamente ligada à sua força e enfrentamento, é o título da obra que traz para a luz do dia as memórias da malandragem, da homoafetividade, da negritude e da subversão da performatividade de gênero que, diferentemente das figuras notáveis monumentalizadas no jardim, um dia foi designada com suas amigas às penumbras do parque e da história oficial. amorim nos conduz por sua fabulação narrando encontros possíveis por um Passeio sitiado pelo poder policial repressor, levando-nos ao centro da roda em que dança com Iaiá, Nega Loma, Deliciosa, Capivara e Madame Satã.  


rafael amorim
Caranguejo da Praia das Virtudes, 2023
Impressão em papel fotográfico | impressão em papel jornal | vídeo-projeção 
25 x 36 cm | 42 x 28 cm | Dimensões variáveis
Fotos de Tiago Morena.